Adeus Malibu...agora és uma estrelinha

Partiste no dia 29 de Julho... A epilepsia levou a melhor de ti e o teu coraçãozinho não aguentou... Mas em vez de ficar a remoer isso e a questionar-me “porquê?” (como já fiz, revoltada e triste por teres partido tão cedo e sem aviso), prefiro recordar os nove anos que viveste connosco, sabendo que foste muito feliz e que também nos fizeste felizes por sermos os teus donos.



A tua chegada a nossa casa foi completamente inesperada. Lembro-me perfeitamente desse dia... Estava em casa com os meus irmãos e os nossos pais ligaram-nos a dizer que iam trazer mais um cão. Não queríamos acreditar, visto que já tínhamos dois, o Faísca e a Dharma. No entanto quando passaram a porta traziam uma pequena bolinha de pêlo no colo. Eras tu. Não sabíamos que idade terias ao certo, uma vez que foste encontrado na rua, mas a senhora que te deu aos nossos pais deu o palpite de que terias cerca de um mês. Lembro-me que eras muito pequenino e magrinho. Estavas subnutrido e não sabíamos se irias sobreviver. Foi logo aí, no começo da tua vida, que nos mostraste que eras um lutador. Começaste a comer bem (mal sabíamos nós que daí em diante serias um aspirador) e crescente saudável. Até que tiveste o teu primeiro ataque epiléptico...essa doença terrível que se fartou de nos dar sustos e passar por maus momentos, mas não é deles que quero falar.


Eras um cão muito especial, sempre com manias de rafeiro. Gostavas de nos roubar a comida (muitas vezes mesmo debaixo dos nossos olhos!); tínhamos de pôr um fio a prender a porta do armário das bolachas e do pão senão tu saltavas para cima da bancada da cozinha e ias ao ataque; quando estávamos à mesa punhas as patas ao nosso colo e apoiavas o focinho na mesa à espera de conseguires comer algo (por vezes até te esticavas para o nosso prato com a língua de fora, pronta a lamber o que aparecesse); era preciso trancar a porta da cozinha quando saíamos de casa senão tu conseguias abri-la e andavas pela casa (a fazer disparates); quando sabias que estavas a fazer asneiras e nos vias a levantar a mão começavas logo a ganir para não te batermos...



Odiavas tomar banho (punhas logo o rabinho entre as pernas), quando ias à rua achavas que era só para passeares e andares à caça (assim que vias um pombo começavas a andar em câmara lenta), tinhas a mania que eras cão de colo, gostavas de estar enrolado no sofá connosco e achavas que se estivesses debaixo de uma manta não te víamos... Quando querias brincar com a Dharma mordias-lhe a cauda e arrancavas-lhes pêlos (neste momento estou a ver-te com a boca cheia deles). Adoravas apanhar sol, tanto que durante o dia ias mudando o local da casa onde estavas, sempre à procura dele. O teu sítio preferido para dormir era em cima da Dharma (deve estar cheia de dores de costas por tua causa! se bem que ela é que deixava). No Inverno tinhas tanto frio que até tremias, por isso vestíamos-te uma camisolinha para ficares mais quente.




São todas estas memórias e outras tantas que nos deixaste. Fazes muita falta e vamos ter imensas saudades tuas, mas agora estás com o Faísquita, por isso estás em boa companhia. Adoro-te Malibu!






Comentários

Sofia Amaral M. disse…
Lindo ♡
O nosso Malibu era tudo isto e muito mais! Não era um simples cão, era o nosso cão e era BRUTAL ♡
Unknown disse…
Malibu

" Corro por entre as arvores que parecem abrir caminho para mim... "
" Corro. Não sinto as minhas patas tocarem no chão. Não sei se o ar me entra pelo nariz, não sei se os meus olhos veem outra coisa além do verde do bosque e, já sem forças, caio e oiço a voz de Aukaman.
Envolve-me um aroma doce a lã e, com os olhos semicerrados vejo as cores da nobreza e da coragem no poncho que me cobre.
Aukaman pega-me ao colo e diz " Dez vezes venceremos , irmão " que é como a Gente da Terra se despede, sem nunca dizer adeus.

Extraido do Livro Historia de um Cão chamado Leal - Luis Sepúlveda
Abraço Forte para todos
she disse…
Que linda homenagem Inês.

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