Descobrimentos da Vida
Hoje fui passar a tarde Belém com um amigo meu, como é ali ao lado do rio, olhando para a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos e como voltámos há pouco tempo de Erasmus, estivemos a falar sobre o facto de ser preciso coragem para ir viver para fora de Portugal... Há quem diga que somos descendentes dos que partiram para os Descobrimentos, enganam-se, porque os descendentes desses estão espalhados pelo Mundo, enquanto que nós descendemos é dos que cá ficaram, a sentirem saudades, por isso é que nos custa deixar a nossa casa, a nossa família, os nossos amigos...é preciso muita coragem para conseguirmos deixar a nossa rotina, para partirmos em busca do desconhecido, mas a verdade é que quem arrisca em dar esse primeiro passo não se vai arrepender.
Esta conversa também começou, porque apesar de termos voltado há pouco tempo para Lisboa e adorarmos a nossa cidade, a realidade é que estamos quase a acabar o curso, o nosso país está cada vez pior e temos de começar a pensar no futuro, só que para mim isso até mete mais medo do que ter de ir outra vez para Itália, por exemplo; porque além de ainda não saber bem o que quero fazer da vida (acho que a maioria das pessoas acaba por nunca descobrir) também tenho noções de que se calhar as melhores oportunidades estão lá fora, a minha geração terá de partir outra vez, como há 600 anos, e continuar a espalhar a palavra «saudade»...
Por isso voltei para casa a pensar nisso tudo, no facto de desde que voltei de erasmus ainda não ter feito nada de jeito, senão ir às aulas, nem tenho escrito aqui, mas também não faço nada de produtivo, nada interessante, sinto saudades de andar aí a descobrir o Mundo, só que também tenho de ter os pés na terra e pensar nos próximos passos que quero dar, o que é assustador...
Com tanta coisa na cabeça virei-me para a minha irmã e perguntei-lhe porque é que temos de estudar tantos anos, matarmo-nos a trabalhar se depois no fim vamos morrer, a primeira resposta dela foi que fazemos isso para durante esses anos termos conforto e coisas boas, mas depois respondeu algo que gostei mais, disse que fazemos coisas para deixar a nossa marca, é isso mesmo que eu quero fazer, por isso é que às vezes me sinto inútil e parece que as coisas que faço são insignificantes, mas quem sabe se um dia servirão para alguma coisa.
Deixo-vos, por agora, com estes pensamentos, bom domingo!
Comentários
Uma pequena estória para ver se me entendes:
Ía eu perdida nos meus pensamentos, e não muito feliz, para a escola. Fico sempre assim quando chega a hora de avaliar os alunos. Há erros que cometemos e que deitam abaixo os alunos e as famílias...mas estou a desviar-me, é uma mania!!!Enfim ía eu percorrendo o caminho que já percorri como aluna, tal como tu, como encarregada de educação e agora como professora, quando me cruzei com um SUPER-Pai! Super?! Sim, cantarolava, sorrindo para o filho de meses e aguardava algo semelhante a um cantarolar, que não passava de uma mistura de sons indistintos. O Bébé sorria e o pai respondia com outro curto cantarolar, com nova melodia, sorrindo e aguardando a reacção do filho. Foi LINDO!! Sem saberem pai e filho deixaram a sua marca cruzando-se comigo, e transbordei de felicidade com o momento. Cheguei outra pessoa à escola;)
Nada do que fazemos é insignificante, mas atenção, algumas marcas são boas, outras magoam e abrem feridas difíceis de sarar!!!
Quanto a encontrares o teu caminho...já o estás a percorrer, tal como eu! tens dúvidas?! Também eu tenho um MONTÃO delas. Se terás de partir?! Não sei!!! Não é só Portugal que está mal!!!! Será uma fase?! Também estou confusa e assustada com o futuro, como vês, ou a tua Mãe ainda não cresceu, ou...não sei!!!
Ricardo Reis 14.02.1933
Este poema serve como uma das muitas lições de vida. Mais importante de saber o que se quer fazer é a forma como nos empenhamos. Bjs Pai
Obrigada.